E todos os meus planos para aquela casa? E as estantes de livros antigos? A música calma e o incenso que queimaria noite e dia? E as crianças que iam correr fazendo aquele barulho agradável e incomodo que só crianças sabem e podem fazer?
Não importa mais, as chamas queimaram as fotos do futuro e talvez o que me faz sofrer é saber que horas depois de eu sair por aquela porta, Clowns e outros personagens entrarão na minha moradia e farão dela um palco de circo. Outros olharão para a estátua e talvez ela faça o mesmo que fez comigo ou então se manterá de rosto virado e olhos fechados.
Lágrimas correm pelo meu rosto, toco a parece negra e na esperança de sentir o cheiro de tinta fresca levo o meu nariz mais perto, mas o que sinto é o cheiro de queimado. Lentamente percorro os corredores e quartos, tomando o que não foi queimado, o que é meu por direito. Coloco tudo em uma mala e saio pela porta que entrei, desço a soleira, dou alguns passos e olho para trás uma ultima vez antes de me começar a andar na noite de nevasca. Paro e penso "Essa casa nunca foi minha, eu apenas a aluguei, qual o motivo de tanto sofrimento por algo que nunca nem meu foi?"
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