sexta-feira

Petit oiseau, tiê

Andamos em uma rua molhada, sem procurar motivos, só por andar mesmo. Por entre o barulho dos carros, em minha mente havia o canto do Tiê e uma vontade contida de aquecer o frio com um abraço. Dei o primeiro passo, depois o segundo e mesmo sem querer correr, eu corri, porque confesso, sou um medroso. Mas para minha surpresa seu sorriso me prendeu como um abraço, aquele abraço contido da noite em que chovia. Eu sei, é ilusão de um utopista, mas minha vontade é de pegar nas suas mãos com a mesma delicadeza de alguém que segura um pequeno pássaro, um tiê por exemplo, te segurar mas sem apertar muito, porque se não sabe, um tiê só tem aquela cor porque é livre. Quero acompanhar teu voo iniciante e estar aqui quando precisar descansar as asas. Sussurrar palavras doces ou te fazer sorrir de qualquer coisa. Minhas mãos tremem, apenas o medo, acredite, nunca tive um pássaro tão encantador nas minhas mãos. E sabe o que eu quis dizer desde a primeira vez que sorri com teu bater de asas, mas espero as semanas passarem? Dizer que te amei, já desde antes de sentir o cheiro do cigarro, canela e perfume das suas asas. Hoje sinto medo, não do amor, mas de quem a ele é direcionado. O que tento lembrar é que  nada é infinito, tudo na natureza tem seu nascimento, apogeu e decadência, e não desejo mais que seja eterno, posto que é chama. Mas com a clareza da lua no céu negro, desejo poder te segurar nos meus braços por um longo tempo e voar ao teu lado. Je t'aime, mon petit oiseau.

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