quinta-feira

Onde estarei?



Não vá, por favor, não me deixe. Eu falo já sem força nem esperança. Você vira as costas, caminha e é sem duvida muito mais forte que eu, em momento algum olha para trás, nem para ver se eu fui ou fiquei. Não pede, não fala, deixa tudo. Calado.  A casa, o jardim, os livros, os beijos, as palavras, o amor, todos pertencentes a Platão, não a nós dois. Eu fico com tudo, triste em saber que um dia você pode querer voltar e aonde havia nossa casa, encontrará um terreno, morto, habitado talvez por mendigos e ao caminhar, lembrará do meu pedido desesperado ou talvez encontrará um livro contendo uma flor que guardei para ter na memória o dia em que andamos e nos permitimos molhar pela chuva, dos sorrisos, dos acontecimentos mais simples que se tornam grandiosos quando se tem ao lado a pessoa que ama. Onde estarei nesse dia que voltar? Provavelmente feliz em outra casa, não tão grande, mas construída cuidadosamente, com as sobras dos nossos tijolos e de outros. Ou então serei o mendigo no terreno, vagando e esperando , segurando o livro eterno e a flor seca.

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