quarta-feira

Escafandro

Eu dentro do escafandro aguardo enquanto inspiro em covardia a fumaça de tons entre índigo e vermelho. Meu escafandro que permite conhecer o mar escuro de mim não me protege porque deixei, por medo, passagem aberta para respirar. Não, eu não posso deixar a fumaça entrar preciso me manter intocado, preciso, preciso, preciso alcançar o mais profundo do mar que é morada de Tiamat e só a partir do caos entrar no vazio onde me encontrarei comigo mesmo nu enquanto me observo dentro do escafandro, serei o outro do outro e verei toda a história passar como táxis brancos e rápidos e eu? Eu irei andando porque não serei obrigado a entrar em nem um deles. Terei ao meu lado uma mão na minha e ela não me soltará, até que chegue o final derradeiro e eu não precise de mão ou voz. Precisarei de mim mesmo caminhando.

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