E se existissem mais retratos de Dorian Gray? Para quem não
leu o fantástico livro de Oscar Wilde, a estória é sobre um jovem adorável que
faz um pacto para permanecer jovem, mas a pintura dele reflete seu estado
interior que com o tempo envelhece e se torna podre como o próprio interior do
jovem. Se gravuras como essas existissem, eu gostaria que fossem dos politico. A
mulher loira que sorri, o homem amigo de todos, todas cascas. E essas mesmas
cascas se deteriorariam ao passar do tempo. Nojentas como baratas esmagadas, contendo
em seu interior as verdades ancestrais, vindo à tona como de uma bisnaga
comprimida, essência branca e nojenta.
Mas como G.H de Clarice Lispector, reconheceríamos nossa própria
essência ao olhar essa pasta branca? E olhar para o lado, tampando o nariz
seria mais fácil. Falando sobre matérias inalcançáveis, tornando-nos irresponsáveis
pelo que nos determina. Mas se somos determinados pelo meio e fazemos parte do próprio
meio, por que não determina-lo antes de sermos determinados?
Porque falar de coisas pequenas do universo é difícil. Ter a
coragem da criança que amassa sua massinha, e não importa que ela já tenha sido
de outra, torna-a perfeita para si. Ter a coragem de uma criança é quase impossível
para os covardes.
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